terça-feira, 14 de outubro de 2014

Existe vida pós-massacre !

Pouco mais de 3 meses se passaram, isso não é nada comparado ao maior vexame que a seleção brasileira já protagonizou, pela esperança por muitos depositada, por ser um jogo em casa, pela forma que jogou, pelo recorde do Klose como maior goleador das copas, enfim... A seleção brasileira ainda convive com esse fantasma e vai conviver por um bom tempo, acredito eu.

Com o fim da copa do mundo, com a demissão de Felipão e uma nova contratação de Dunga para ser técnico, o povo se tomou de desconfiança, já que Dunga, mesmo com uma excelente campanha ao longo de sua passagem, falhou no objetivo maior, que foi a copa do mundo de 2010, principalmente por ter lutado contra a opinião de uma nação inteira e não levar a dupla que estava surgindo no Santos: Neymar e Ganso.
E por todo esse tempo, desde a derrota pra Holanda, Dunga era obrigado a dar satisfações sobre suas escolhas enquanto técnico da seleção. Porém Dunga voltou,  Ganso apesar de viver uma boa fase, tem um série problema de não conseguir emplacar uma temporada jogando em alto nível, oscila muito, às vezes genial em outras simplesmente deprimente, mas Dunga também encontrou um Neymar  sendo o principal nome da seleção, um Neymar que passou por uma temporada 2013-2014 de altos e baixos no Barcelona - uma adaptação normal que todo jogador que sai do Brasil tem que passar, pela diferença do estilo e do nível de jogo jogado no velho continente - e vem começando a temporada 2014-2015 enchendo os olhos da torcida azul-grená, jogando bonito ao lado de Messi num Barcelona que espera ansiosamente pela estreia de Luis Suárez e com uma vontade de decidir os jogos a todo momento. Mas as atuações de Neymar e da seleção como um todo, deixou claro durante a copa do mundo que um jogador ganha jogos, um bom time ganha campeonatos e Dunga assimilou essa mensagem.

Da seleção de Felipão, acredito que o legado deixado por ele, foi apenas a presença do Luiz Gustavo, que conquistou com méritos a vaga de volante titular da seleção brasileira e o carisma da torcida, que voltou a abraçar a seleção após uma passagem fracassada de Mano Menezes. No gol não se vê mais Julio Cesar, que mesmo jogando num clube de segunda divisão do campeonato inglês e em alguns momentos sem clube era, inexplicavelmente titular absoluto da seleção brasileira, nas laterais não se encontram mais Daniel Alves, que apesar de ser peça muito importante no Barcelona, não consegue se firmar na seleção brasileira e Marcelo, que apesar de ter a admiração do povo brasileiro, ser muito querido pela torcida, apresenta uma grande deficiência para defender, talvez por isso não seja titular absoluto no Real Madrid, talvez por isso nos jogos contra Chile e Colômbia durante a copa, Alexis Sanchez e Cuadrado, respectivamente, tenham protagonizado as principais jogadas de suas seleções às costas do nosso lateral; no meio de campo, o próprio Felipão percebeu que o craque Paulinho ficou no Corinthians, que no Tottenham é apenas mais um jogador que compõe o elenco e na seleção nem pra isso serve; Oscar que foi fundamental na conquista da copa das confederações, na copa do mundo não rendeu nem metade do que rendeu em 2013; Felipão parecia tentar encontrar um lugar pro Hulk jogar na seleção, sempre estava em um lugar diferente, nunca conseguia ser protagonista em uma partida e, na minha opinião, só não foi mais um fracasso da era Scolari, pela vontade que apresentava em algumas partidas, compensando a sua deficiência técnica com a amarelinha; a insistência na alegria nas pernas de Bernard não surtiu o mínimo efeito em nenhum dos jogos, aprontava uma correria sem tamanho pelas pontas em jogadas que se alguém se perguntar qual deu certo, ninguém consegue puxar de primeira da memória, mas mesmo assim, era presença constante nos minutos finais de segundo tempo da seleção. Felipão montou uma seleção meio que "abraçando quem o abraçou", ignorando totalmente o conceito de que seleção é momento. Ao conquistar a copa das confederações de 2013, o grupo para o ano seguinte estava praticamente formado, sem espaço para jogadores que estavam de fora conquistar um espaço entre os 23 convocados na busca pelo hexa. E essa panela que foi construída cegou Scolari, já que o ano de 2013 se passou e 2014 veio, com algumas figuras se notabilizando cada vez mais, como Everton Ribeiro sendo disparado o melhor jogador do país, ajudando e muito o Cruzeiro na conquista do brasileirão e Philipe Coutinho, formando uma espécie de quinteto fantástico pelo Liverpool, que quase os levou ao título do campeonato inglês e o principal: Fred não vinha jogando absolutamente nada pelo Fluminense e até mesmo o Walter, com todo o problema com a balança e reserva de Fred vinha fazendo apresentaçoes melhores que o camisa 9 titular da seleção, mas Felipão bancou o seu centroavante e este fez feio e muito feio pelo Brasil na copa do mundo, acumulando atuações vergonhosas e fazendo apenas um gol, num cabeceio sem goleiro a aproximadamente 30 centímetros do gol. O final dessa insistência todos sabem.

Mas com o início de uma nova era Dunga, muitas mudanças vieram e em apenas 4 jogos, o time já parece outro. Jefferson, num dos piores momentos da história do seu clube (como dito em "Só restou a estrela solitária"), enfim teve sua merecida chance na seleção.

Outras figuras como Miranda, Diego Tardelli, Filipe Luis receberam o voto de confiança do novo treinador e não desperdiçaram a oportunidade, Robinho e Kaká, que retornaram ao Brasil e estão fazendo bonito por seus clubes, ganharam nova chance, além dos já citados Everton Ribeiro e Philipe Coutinho. Se antes estávamos acostumados a ver uma seleção jogar um futebol burocrático, vencendo apenas com jogadas individuais e bolas aéreas, agora, mesmo em tão pouco tempo, já se vê uma equipe forte coletivamente, que se adapta à cada situação de jogo, seja o adversário um time montado para contra-atacar ou uma equipe que detém a posse da bola na maior parte do tempo, no grande teste contra a Argentina isso ficou claro, com uma proposta traiçoeira, o time brasileiro foi dominado por uns 20 minutos, encontrou um gol com o novo camisa 9, Diego Tardelli, num contra-ataque que contou com a falha do fraco Romero e passou a controlar bem o jogo até fazer o segundo (novamente com o Tardelli).

E na goleada contra o Japão essa mudança ficou bem clara, mesmo com o imenso poder de decisão 
de Neymar, marcando os 4 gols, o grande destaque da partida fica por conta de uma nova seleção que defende (e muito), ataca muito bem, como um time, não como um bando, esperando o lampejo de uma estrela. Vem coisa por aí..
Se o hexa vem em 2018 ninguém sabe, que o trabalho está apenas começando e tem muita coisa por se fazer, não há dúvidas. Mas Dunga chegou com o propósito de fazer uma seleção jogar como pede o futebol moderno, jogando bonito quando tem que jogar, jogando feio quando é conveniente que assim seja feito e, o mais importante de tudo: Vencendo... e vencendo bem.

Um comentário:

  1. O blog está cada vez melhor, Bruno! Parabéns! Triste é ter que voltar pro Brasileirão...

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